A potencialidade da erva-mate como produto símbolo do Paraná é debatida em audiência pública

Os produtores da erva-mate querem que a imagem do produto sustentável cresça junto com a produção dele. A conclusão foi obtida no debate promovido pelo deputado Emerson Bacil (PSL), líder do Bloco Parlamentar Temático de Incentivo à Erva-mate da Assembleia Legislativa do Paraná, em uma audiência pública remota na manhã desta terça-feira (8).
Bacil explicou que a erva-mate paranaense concentra 90% da produção nacional da planta. “São cerca de 70 mil toneladas anuais apenas no município de São Mateus do Sul, 20% de toda produção nacional e mais do que o Rio Grande do Sul e Santa Catarina produzem juntos anualmente”, disse o deputado aos representantes dos governos Estadual e Federal, prefeitos, professores de universidades e produtores que participaram do evento.
“É o principal produtor florestal não madeireiro e cresce em matas de araucária, o que motivou a criação do Bloco Parlamentar com alinhamento científico e técnico, pesquisas e diálogos com setor produtivo e associações para elaborar as políticas públicas que devem ser implantadas no Paraná. A erva-mate tem identificação geográfica no Paraná, é um produto paranaense que desenvolve tecnologia e produtos. A erva-mate sombreada é tecnologia paranaense”, exemplificou o parlamentar.
De acordo com o deputado Nelson Luersen (PDT), a sustentabilidade da produção é a característica mais marcante do setor. “Temos produção plantada e nativa, importante para integração com nossa flora, para a preservação de nossa araucária. É um setor importante para a manutenção do pequeno produtor no campo. É uma luta de todos os paraenses, além da tradição, como uma promessa muito grande de diversificação, que gere renda e receita”, afirmou.
Incentivo – O programa de incentivo da erva-mate, com apoio da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (SEAB), foi apresentado por Amauri Ferreira Pinto, coordenador estadual de cultivos florestais do Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR). “O Brasil é o maior produtor do mundo, maior consumidor e o chimarrão é o principal produto. O Paraná é líder nacional, com o diferencial da qualidade produzida com a erva-mate sombreada”, explicou.
“Geneticamente temos o clima e o solo adequados com otimização principalmente das pequenas propriedades. A diferenciação é em ervais sombreados de olho na sustentabilidade da produção, questão social das 37 mil famílias envolvidas e conservação da floresta ombrófila mista”, pontuou Amauri.
De acordo com ele, o Paraná é reconhecido também pela qualidade do produto nativo, com preço superior à erva-mate produzida a pleno sol. “São 49 indústrias dentro da cadeia produtiva. Buscamos novos produtores, para aumentar a produção. Precisamos buscar novos mercados, produtos e possibilidades”, frisou.
Ainda segundo Amauri Ferreira, o foco é aproximar a indústria do produtor, reduzir custos e aumentar a rentabilidade, sanidade e tecnologia mais limpa com ênfase à sucessão familiar. “ Buscamos alternativas de crédito mais barato, equalização de juros para novos investimentos. Criação de unidade de referência atraindo de 15 a 20 produtores das proximidades, assistência técnica junto ao produtor de forma digital sem precisar da presença do técnico no campo”, disse.
Para os participantes da audiência, a imagem de produção sustentável e atrelada à conservação das matas nativas de araucária deve ser prioridade. Amauri Ferreira falou ainda do uso mínimo de agroquímicos e herbicidas. “Buscamos também a integração do setor como foco em pesquisa com a Embrapa Florestal. A ideia é ter apoio de cinco indústrias âncoras e uma rede de produtores vinculados e equipamentos necessários para a criação de novos produtos”, explicou.
Agricultura familiar – Segundo José Tarcísio Fialho, diretor do Departamento de Florestas Plantadas (ADAPAR), representando o secretário de Agricultura, Norberto Ortigara, a aposta é na viabilização da agricultura familiar. “E a erva-mate é uma das culturas mais representativas deste segmento. Temos ações conjuntas de agricultura e meio ambiente. É uma alternativa de renda com produção sustentável que garante a existência conjunta com a araucária. A secretaria junto com a Assembleia Legislativa trabalha pelo desenvolvimento desta cadeia que necessita da presença de governo, com apoio da universidade e entidades para demonstrar ao mundo que é possível uma agricultura continuada na produção, conservação e sustentabilidade”, explicou.
Para Cleverson Freitas, superintendente federal do Ministério da Agricultura no Paraná, é importante fomentar as cadeias da agricultura familiar com subsídios para que haja este desenvolvimento. “Temos promovido a discussão da cadeia da erva-mate. Temos em São Mateus do Sul a indicação geográfica. Trabalhamos com outras instituições para a indicação de mais produtos”, afirmou.
De acordo com a prefeita de São Mateus do Sul, município líder na produção da erva-mate, Fernanda Sardanha, o Paraná tem vocação para o cultivo com clima e geografia adequados. “Temos mais de cinco mil agricultores familiares, precisamos pensar em programas de forma continuada, com formação, inovação e tecnologia, além de agregar valor à tradição e ao turismo. Temos potencialidades e potencial para criar ações estratégicas voltadas à produção e à valorização da agricultura familiar”, disse.
Para ela, no entanto, é preciso construir políticas públicas permanentes de formação continuada, tanto do produtor rural quanto da indústria.
Participaram da audiência pública ainda: Vitor Afonso Hoeflich, professor do Departamento de Economia Rural e Extensão da Universidade Rural do Paraná (UFPR); Naldo Hiraki Vaz, presidente do Conselho Gestor da Erva Mate do Vale do Iguaçu (Cogemate); Alfeu Strapasson, proprietário da ervateira Rei Verde; Afonso Figueiredo Filho, professor da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro); José Volnei Bisignin, diretor de licenciamento e outorga do Instituto Agro e Terra (IAT);
Ainda: Mariza Somensi, ervateira da indústria Mate Laranjeiras; André Zampier, agente do Matte Cultural; Sandor Sohn, Instituto Água e Terra (IAT); Jorge Gustavo Birck, advogado de ervateiras da Câmara Setorial da Erva-mate; Ivens Kleiton Clovis dos Reis, coordenador do projeto de Transferência de Tecnologias para a Erva-Mate 2.0 da Embrapa Florestas; Maria Salete Rodrigues de Mello, do Território Iguaçu; Fernando Toppel, da Ervateira Maracanã; e João Chavarski, presidente da Associação Vale do Mate de Cruz Machado

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